Feminicídio

Professora morta em Bangu já havia sido agredida por PM

Tio diz que faltou 'posicionamento maior' da família

Ellen tinha 32 anos e era professora
Ellen tinha 32 anos e era professora |  Foto: Rede social
 

O corpo da professora Ellen Ramos Soares Ribeiro, de 32 anos, foi enterrado na tarde desta terça-feira (11) no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste do Rio. O suspeito pelo crime é o policial militar Thiago dos Santos Almeida, de 42 anos.

Familiares, amigos e funcionários da escola em que a professora trabalhava foram prestar o último adeus ainda durante a manhã. Para o tio Luiz Carlos Ramos, faltou posicionamento da família perante aos casos de violência sofridos pela vítima com o ex-marido.

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"A gente só nota quando acontece na nossa família. Por mais que a gente veja esses casos na mídia, nas redes sociais, a gente percebe que faltou alguma coisa, faltou da família um posicionamento maior. A família tinha que ter tomado uma decisão maior e não ficar pensando no que iria acontecer com quem cometeu", disse.

Segundo Luiz, em fevereiro o acusado havia agredido a companheira. No entanto, Ellen teria desistido de fazer uma queixa formal na delegacia por conta da formatura de Thiago nos quadros da Polícia Militar. A vítima estava há cerca de um ano com o PM acusado pelo assassinato. Ela deixou uma filha de 3 e um filho de 12 anos.

"Ficamos sabendo agora que em fevereiro ele já havia feito um ataque contra a minha sobrinha. Ele bateu nela, ela fez o exame de corpo de delito e foi pegar o laudo no Hospital Rocha Farias, mas no meio do caminho foi convencida por familiares a não fazer o registro, porque faltavam apenas 15 dias para ele se formar na Polícia Militar. Por essa razão, outros familiares decidiram não contar o ocorrido para os parentes. Essa tragédia poderia ter sido evitada", enfatizou o tio da vítima.

Ainda conforme Luiz, a sobrinha foi agredida antes de ter sido morta a tiros. Ele conta que a tragédia poderia ter sido ainda maior, já que o PM prometia atirar contra a prima e um dos filhos de Ellen.

"Ele bateu nela primeiro. A prima pediu para ele não fazer o ato, mas ele apontou a arma para ela e falou para ela sair de lá se não ia matar ela. O filho dela tentou separar no momento que o padrasto batia na mãe. Ele chegou a apontar a armar para o garoto ", contou.

O caso

Ellen foi morta a tiros dentro da casa dos pais na madrugada desta segunda-feira (10) em Bangu. O principal acusado pelo assassinato é um policial militar de 42 anos. Eles haviam reatado o namoro recentemente.

Segundo familiares, eles haviam passado o final de semana juntos, mas durante a noite de domingo (9) teriam se desentendido. Com isso, Ellen saiu de casa com os dois filhos e passou a noite na casa dos pais. 

Ainda segundo os familiares, na madrugada de segunda o militar pulou o muro da residência e matou a companheira na frente dos filhos, que dormiam com a mãe na cama. Ele fugiu em seguida.

Horas depois, o policial se entregou na 25ª DP (Engenho Novo). Ele foi encaminhado para a 3ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar, no Méier, na Zona Norte do Rio. Após prestar depoimento, o militar foi levado para o presídio da PM no Fonseca, em Niterói.

Após terminarem o relacionamento eles voltaram em agosto, no Dia dos Pais. Apesar das brigas por ciúmes, seguiam juntos. O caso foi registrado na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que houve um aumento de quase 20% no número de feminicídios no estado em comparação com o mesmo período do ano anterior. De janeiro a julho, foram registrados 57 casos. Já em 2021, foram 48 feminicídios no primeiro trimestre.

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